TEATRO PARA DANÇAR

domingo, 1 de outubro de 2017

Crítica: Mergulho ou A Menina que Sangrava Poesia. Com a Atriz Rita Grego.

Dias 29 e 30 de Setembro, o espaço cultural USIN4 fechou o mês com chave de ouro, trazendo a atriz Rita Grego, do Rio de Janeiro para uma gloriosa exibição de seu solo teatral dirigido por César Valentim que já havia emplacado, em Cabo Frio, o Belíssimo "A Viagem de Américo". Segue abaixo, a crítica feito por José Facury.

Rita Grego, conexão com Anne Frank, energia e luz para a humanidade!

O MERGULHO ou a Menina que Sangrava Poesia

Crítica por José Facury Helluy.

Casa Lotada, uma boa pedida para finalizar o mês de setembro
num belo espaço independente, de Cabo Frio.
O Diário de Anne Frank, tem sido um libelo referencial que tem aprofundado por vários momentos a nossa consciência crítica diante do choque do dominador, do fugir, do se esconder, do ser aprisionada e finalmente sucumbir nas mãos da atrocidade de uma ditadura fascista, no caso a do nazismo alemão. Extrair desse quadro lamentável a sua poética, foi o maior desafio do adaptador dramatúrgico do Mergulho, ou A Menina que Sangrava Poesia, oferecendo a si mesmo, agora como diretor, a possibilidade de tecer uma ótima composição que pontuada pelo desdobramento cenográfico continuo do simbólico que permeia as culturas do opressor e do oprimido, se entremeando pela fisicalidade expressiva, ora construindo e desconstruindo os personagens que cercam a dor da menina judia. Ali, por diversos momentos fica quase impossível não se deixar envolver, até porque a interpretação forte, correta, com emoção sempre a flor da pele, mas comedida para não nos deixar levar pelo tom catártico e sim pela técnica da apurada mímese gestual das técnicas  absorvidas pelo estudo e pela pesquisa. Sem nenhum senão, nem na narrativa, nem no embalo das dores sentidas, nem na manipulação dos signos que a direção amarra com firmeza para dar qualidade ao enorme desafio transmitido à atriz nos diversos momentos das transposições dos personagens. O Mergulho então, apesar da sua datação histórica, é tão bem composto na sua atualidade, que nos remete aos factuais contextos de uma Síria, Cabul ou Namíbias ou mesmo nas nossas rocinhas da vida onde crianças passam pelo mesmo choque de desprezo e ódio que nós temos por nós mesmos, levados por ideologias e domínios territoriais desumanos e catastróficos. 

(José Facury Helluy) - 2017

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