TEATRO PARA DANÇAR

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

"Atlantic City" e "O Inspetor Geral", fecham o ciclo de 2014, no OFICENA.

O OFICENA enquanto espaço que gera liberdade.

Pensar o OFICENA, dentro da cadeia produtiva das artes de Cabo Frio, é um exercício que permeia a busca de uma juventude que tenha opções variadas dentro de sua busca por uma prática artística. Como sempre dizemos, ali, o foco não é formar atores, até porque, se é isso que as crianças e jovens desejam, lá estamos par auxiliar. Nosso intuito maior é contribuir para a formação de cidadãos sensíveis que, dentro da prática artístico-teatral, possam suprir suas próprias demandas de afetividade, compreensão e descobertas, num mundo onde o mecanicismo é cada vez mais avassalador.

A união e o esforço de artistas, familiares e gestores, levou ao público de Cabo Frio, a qualidade necessária para um teatro
que se aprende estudando, mas, sobretudo, na prática e no contato.


Atlantic City

Cartaz criado por Gustavo Vieira - 2014
O projeto de encenação do OFICENA cumpre múltiplas funções dentro da cadeia produtiva do teatro local. Define trabalhos que possibilitam ao aluno-ator, tirar o máximo de proveito da linguagem teatral, enquanto trabalha, de forma subliminar: autoestima, autonomia e aquisição de conhecimento. Relaciona as artes teatrais aos avanços de sua própria vida, e faz do dele, o aluno, um ser "de-sejante" e "de-lirante" de estar à frente de seu tempo. 
Em "Atlantic City", de Italo Luiz Moreira, a discussão ambiental passa pelo reconhecimento das minorias (minorias em direitos civis alcançados) através da metáfora do índio "Curupira", a peça vai aos poucos, conscientizando o aluno-ator, do seu papel no mundo.
O processo de pesquisa, exigiu a redescoberta dos povos da floresta para um mergulho no seu canto e dança, além de uma ampla discussão no entorno dos acontecimentos que estão tão perto, tão ao lado e tão dentro de nossa realidade. A especulação imobiliária, o jogo de poder, a farsa montada nos tribunais e a interferência "desterritorializadora" da mídia de massa, leva o aluno infanto-juvenil, a perceber que, apesar de lúdico e divertido, o teatro discute a realidade no seu calcanhar de Aquiles.
Sentimos isso na própria pele, ao colocarmos em cena o aluno cadeirante Henrique de Bragança e o aluno especial João Pedro Pappini. Estes, concentrados, focados e na busca de seus objetivos, propuseram no grupo uma reflexão de suas próprias ações, criando aí, um forte elo que liga arte a um sentido mais profundo de cidadania. Incluir a parte no todo e sentir-se fazendo parte desse todo para a construção de um caminho harmonioso e de assimilação direta da realidade circundante. Neste sentido, os alunos tinham uma tarefa especial, construir uma área de sensibilidade nova para que a humanidade fluísse na mesma dimensão em que a arte foi proposta.

Um elenco plural e criativo, jovens buscando o sentido real de suas vidas, através do TEATRO.


"Atlantic City" propôs este mergulho, no que pese todo seu fomento estético para atingir um resultado formal, que disse algo como "estamos fazendo teatro acima de tudo" e, ainda, pudesse dizer, a cada indivíduo na plateia de quão importante é, fazer desse teatro, uma célula a mais de desenvolvimento do cidadão que, no futuro, pagará seus tributos à polis.


Curta a Centopeia Humana de Atlantic City

Classificação etária - LIVRE.
Texto: Italo Luiz Moreira
Direção: Italo Luiz Moreira e Jiddu Saldanha
Preparação corporal: Marcio Nascimento
Figurinos: OFICENA
Iluminação: Yuri Vasconcellos, Anngley Medeiros e Wagner Cabral.
Design Gráfico : Gustavo Vieira
Foto/Filmagem: AYAMÔ Arte & Cultura, Lara Rothier

ALUNOS ATORES: Elenco Atlantic Cyti (nomes artísticos): Igor Quintanilha, Yuri Quintanilha, Yasmim Quintanilha, Nina Coelho, Lydia Mendonça, Larissa Santos, Douglas Felipe (Sorrizo), Carolina Becker, Nayara Luiza, Daniela Cunha, Cleiton Fernandes, Jullia de Assis, Lucas Cedro, Luiza Cullen, Herold Oliver, Paula Carolina, Danilo Tavares, Daniel Arm, Mayra Rodriguez, Gabriel Rodrigues, Kéren Linno, Yasmim Ferreira, Clarissa Batista, Guilherme Carvalho, Ana Carolina Acha, Jully Braga, Nathalia Mafra, Nathalia Moura, João Pedro Papini, Vitoria Dias, Andreza Ferreira, Henrique Bragança.

O Inspetor Geral.

O processo criativo de "O Inspetor Geral", de Nikolai Gogol, traz para a marca OFICENA, um sentido alargado, de beber na fonte dos grandes clássicos, uma continuidade do projeto de trazer ao conhecimento da juventude cabo-friense, uma proposta de descobrir o manejo de uma linguagem mais universal com técnicas livres onde o aprendizado passa a ser, também, um exercício, como fizemos no projeto de "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna.
O desafio de encaixar na vida dos jovens, o teatro como uma possibilidade, passa também pela conscientização e descoberta de "quem é" este jovem que nos procura, qual sua bagagem trazida durante os anos de 2013 e 2014. Qual sua motivação, que desejos os impulsionam, de fato, a estar nas fileiras do OFICENA, defendendo a "bandeira do teatro"? Percebemos tratar-se de um jovem inquieto, perguntador, curioso e investigativo. Na sua busca por um "lugar ao sol", este jovem vem ao curso livre de teatro para recarregar suas baterias e "turbinar" seu lado emocional para, como um Don Quixote, enfrentar os "moinhos de ventos da vida".
O teatro, permite diversas experiências coletivas dentro de uma lógica que respeita as diferença de crenças, posição social, pluralidade psíquica, permitindo o alcance de objetivos afetivos, artísticos e sociais, compartilhados, a posteriori, em casa, na comunidade e em seus grupos sociais. A geração de oportunidade para que esses jovens encontrem seu lugar de troca e alargue seus recursos criativos, é e tem sido a tônica principal deste caminho percorrido até aqui.

Elenco coeso. Não foi pouco o esforço destes jovens atores-alunos para chegar a uma performance plástica de nível.


Nikolai Gogol,  portanto, abre essa janela para um teatro cheio de vitalidade e ajuda a construir, cada vez mais, uma ponte na direção de um teatro com possibilidades imensas em recursos linguísticos, políticos e poéticos. Não foi em à toa que, sua estreia, lotou o teatro, mesmo num dia de chuva, confirmando um dado que já suspeitávamos. O cabo-friense gosta de teatro e, gosta mais ainda se for, bom teatro.

Curta o Bolero de Ravel, no Inspetor Geral


Classificação etária - 12 anos
Texto: Nikolai Gogol
Direção: Italo Luis Moreira e Jiddu Saldanha
Direção Musical: Kéren-Hapuk e Nathally Amariá
Preparação Corporal e coreografia: Marcio Nascimento
Iluminação: Yuri Vasconcellos, Marcinho e Wagner Cabral
Equipe de adereços: Ivan Alves e OFICENA
Figurinos: Yuri Vasconcellos, Jiddu Saldanha e OFICENA
Execução de Figurino: Beatriz Ebecken
Contrarregragem: Clarissa Obregón, Aline Gomes, Lucas Rocha, Danilo Tavares, Claudia Mury e Camille Miranda.
Iluminação: Yuri Vasconcellos, Anngley Medeiros e Wagner Cabral.
Design Gráfico : Gustavo Vieira
Foto/Filmagem: AYAMÔ Arte & Cultura, Lara Rothier