TEATRO PARA DANÇAR

sábado, 19 de novembro de 2016

Coração do Mar - Novo espetáculo do TCC - Teatro Cabofriense de Comédia.

Inspirado no movimento tropicália, a nova obra artística do TCC - Teatro Cabofriense de Comédia, tem a pegada de um pré-musical em formato de coro cênico. Uma mistura de gêneros artísticos onde canções são mostradas no embalo da MPB e ao mesmo tempo, interpretadas com o uso de técnicas corpo-teatrais.

"Coração do Mar" - Novo trabalho do TCC - Teatro Cabofriense de comédia. Foto: Manuela Ellon
Resultado de um ano e meio de ensaio que avançou entre a experiência de cantar nos cortejos de apresentações de rua, somado à busca de um repertório afinado com as pesquisas do grupo; "Coração do Mar" é um espetáculo que mostra as novas pesquisas cênicas do grupo. Utiliza técnicas teatrais como Teatro Físico, voz e nuances de teatro oriental, numa composição de coro cênico e musical de opereta, dentro de uma musicalidade contemporânea.

Um pré-musical, com pegada de coro cênico onde se misturam técnica teatrais e vocais. Foto: Manuela Ellon
Buscamos no repertório da MPB, músicas que dialogam com as novas gerações, sem perder o viés histórico da canção popular brasileira, fruto de profunda poesia e ritmos que extravasam a sensibilidade e o inconsciente coletivo musical de nossa cultura peculiar. Dentro dessa musicalidade, acrescentamos textos poéticos que dão energia à cena, conforme a disposição corporal do elenco avança diante do olhar do publico.
Com este trabalho, procuramos levar ao público um pouco do "viver e pensar cabofriense", onde o mar é pano de fundo, mas também é fonte inspiradora da nossa narrativa existencial. Pelo viés da narrativa cênico-musical, o espetáculo vai afirmando seu caldo cultural único, portador de nossa identidade afro-ameríndia e, portanto, universal.


"CORAÇÃO DO MAR"
FICHA TÉCNICA

Direção: Jiddu Saldanha
Dramaturgia: O Grupo
Direção Musical - Kéren-Hapuk
Preparação corpo-mímica: Jiddu Saldanha
Maquiagem e figurinos - O Grupo
Produção: O Grupo
Fotografia: Manuela Paiva Ellon
Design Gráfico - Laboratório Criativo

ELENCO: 



Celso Guimarães Júnior, Kéren-Hapuk, Nathally Amariá, Jean Monteiro, Sarah Fortes, Danilo Tavares

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Teatro Poesia: Um caminho aberto para quem faz teatro!

Uma forma de fazer teatral onde a
dramaturgia é construída
a partir da voz do poeta.
Um flerte com a literatura.
..



Bruno Peixoto - Prêmio de melhor ator no Festival Carioca Camarim das Artes IV, 
em 2010.
Em 2008 dirigi o ator Bruno Peixoto, na cena "O Cão sem Plumas" um poema de João Cabral de Melo Neto, que conta um pouco a vida ao longo da paisagem do Rio Capibaribe. Anterior a Morte e Vida Severina, o "O Cão sem Plumas" é um poema épico e de profunda inspiração. Ver a evolução do ator Bruno Peixoto, construindo seu personagem narrativo, durante a emissão da fala poética do texto, foi uma viagem extremamente prazerosa. A peça foi recebida muito bem em Cabo Frio, tivemos público razoável, mas o público saía com uma pergunta no ar: "Isso é Teatro"?
Em 2009 criamos o espetáculo "Jornada de Paz, Tempo de Guerra", com as atrizes Louise Marrie, Bárbara Morais e o ator Bruno Peixoto. Dessa vez, fizemos uma conjunto de poemas que incluía "Cidade à Contraluz", poema de minha autoria e de Herbert Emanuel, "O Homem as Viagens", de Carlos Drummond de Andrade; "Canto ao Homem do Povo - Charles Chaplin", também de Drummond, finalizando com o poema "Vem por Aqui" do poeta português José Régio, além de "Os Lusíadas", de Camões, feito em forma de rap, com direção musical de Ivan Tavares. Foi uma experiência incrível fazer Teatro Poesia com o primeiro grupo de teatro que fiz parte, de fato, em Cabo Frio.

Grupo "Operários do Teatro Brasileiro" - transformaram o poema
"Estatutos do Homem" de Thiago de Mello, numa cena de teatro poesia
que arrancou fortes aplausos do público.
Mas lembro que no final da temporada as atrizes do grupo me questionaram, perguntando quando, o grupo faria "teatro de verdade". A frase caiu como uma paulada na minha cabeça, percebi que a tradição do teatro poesia estava quebrada ou, talvez, nunca tivesse existido em Cabo Frio.
Em 2016, resolvi retomar a reflexão sobre o Teatro Poesia mas, para isso, foi necessário criar um evento inteiro voltado só para o gênero. Aproveitando uma brecha na agenda do teatro; eu e Nathally Amariá, arregaçamos as mangas para criar um evento totalmente voltado para o diálogo com a literatura e que tivesse como ponto de partida, o Teatro. Com isso, conseguimos trazer para o bojo do acontecimento, alguns artistas remanescentes do Fest Solos, além de estudantes de teatro. Lançamos um edital e conseguimos algumas inscrições. 


Henrique Selani, escreveu e co-dirigiu a cena
"O Poeta e Suas Máscaras", pelo grupo de arteterapia
"Casulo Artes".
Sabendo que seria um sucesso, fizemos convites para outros artistas, lançando-lhes o desafio de montar algo teatral que tivesse como fundo um poema de algum poeta consagrado, ou não. A ideia pegou e as pessoas começaram a preparar suas cenas e tivemos a alegria de vê-las concretizadas no POESIA DE CENA - 2016. Tão logo o evento encerrou, percebemos pudemos rever algumas dessas cenas no FESQUIFF IV, um festival estudantil organizado pelo IFF - Instituto Federal Fluminense, de Campos, com edição extensa a todas as unidades em todo o IFF'S do Rio de Janeiro, com edição em Cabo Frio, assim, pudemos rever as cenas "Vidas em Pétalas" parceria entre os grupos "OTB" e "Sem Foco". Também pudemos contemplar a repetição da cena "O Poeta e Suas Máscaras" do grupo arte terapêutica "Casulo Teatral".


Recebida com entusiasmo, no FESQUIF IV, "Ádeus Mundo" contou com um 
time de primeira, formado por Celso Guimarães, Sarah Fortes, Kalil Zarif, 
fotografados por Manuela Ellon e dirigidos por Kéren-Hapuk.
Recentemente, no OFICENA - Curso Livre de Teatro, algumas cenas criadas pelos alunos para nosso festival de cenas curtas, foram compostas de textos poéticos, dois que se destacaram foram "Vida em Pétalas" de Gabriela Caetano e "Ádeus Mundo" de Chrystian Gatti. O primeiro já teve diversas apresentações em espaços variados e eventos diferentes, o último, uma belíssima cena de Teatro Poesia, dirigida por Kéren-Hapuk, atriz e diretora da nova geração, que traz sua melancolia irreverente como marca registrada de sua estética.
No IFF-Instituto Federal Fluminense, de Cabo Frio, o primeiro experimento estético teatral do grupo IFFCENA, da própria instituição, é a cena de Teatro Poesia "Estação Poesia", que junta poemas de diversos poetas brasileiros, antigos e contemporâneos.


"Estação Poesia" - Momento de força e energia criativa envolvendo 
adolescentes que descobrem, na poesia, um pouco de resposta para suas 
próprias perguntas.
O resultado foi promover a leitura perante os adolescentes que fazem parte do grupo, ampliando seu contato com a poesia de qualidade gerada na terra-brasílis. Conhecimento nunca é demais, e a poesia, quando vira tema ou assunto de algo, faz surgir mais poesia. A divulgação da escrita vem a reboque da construção de cenas com poesia e isso faz gerar uma demanda de novos leitores, além de promover um recondicionamento crítico para se pensar melhor as fazes da própria vida.


*** 
Desde as incursões do grupo "Bicho de Porco", em 2008 até agora, 2016, já se passaram 8 anos e novas sementes de Teatro Poesia foram lançados na cidade de Cabo Frio, agora, a cidade conta com um evento específico para tratar deste assunto de forma a potencializar e ampliar para a pesquisa teatral essa forma de expressão tão bela e profunda. Com isso, uma espécie de retomada de uma linguagem que estimula o ator novo a ler mais e conhecer profundamente sua própria literatura, promovendo o texto poético, amplia-se a participação do conhecimento e da metáfora como prática criativa, além do exercício constante com a palavra. O teatro poesia é uma forma profunda de levar a arte teatral a patamares onde só a imaginação definirá o limite.                                                                   

Jiddu Saldanha - Professor de teatro e Blogueiro.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

FESQUIFF IV: Um festival cheio de oportunidades, com um forte olhar institucional.

Matheus Neves, hoje, estuda teatro na UNIRIO.
Viver o FESQUIFF foi uma experiência única. Dá pra sentir quando um evento tem o peso e a responsabilidade institucional que o teatro tanto precisa. Com o afago de uma organização federal tão potente como o Instituto Federal Fluminense, IFF, Deu pra sentir a força que o teatro tem, como ferramenta educadora, sobretudo quando mobiliza a experiência de organizações como AYAMÔ, NÓS DO TEATRO e OFICENA; Juntos, Campos e Cabo Frio se uniram para mostrar a capacidade que a arte tem, de mobilizar jovens e concentrar possibilidades e sonhos.

Matheus Neves, representa a síntese
de tudo o que deu certo no teatro de 
Cabo Frio nos últimos 4 anos. 
Formado em Petróleo e Gás pelo
 IFF de Cabo Frio. Fez, paralelamente
as aulas livres do OFICENA - Curso Livre
de Teatro do Teatro Municipal. Foi 
integrante dedicado de um grupo de teatro
durante 2 anos e culminou com a aprovação
para estudar teatro na UNIRIO, talvez, 
a mais importante escola de teatro do Brasil.



Se por um lado são "tempos difíceis" para a cultura e a vida do país em geral, o importante é resistir e resistir com arte é uma forma transformadora, já que, ao mesmo tempo que dá vasão à criação e ao princípio de amor humano que está ligado ao fazer artístico, por outro lado, desperta consciência crítica e amplia a visão sobre o futuro. Com uma área de arejamento da alma, o indivíduo passa a construir não apenas uma visão sobre si, mas também, entender o imenso universo de diferenças que afeta a todos. Ganha a instituição, ganham os parceiros e, sobretudo, a educação cumpre seu real papel, de promover junto com o compromisso, a felicidade humana.
Ver tantos jovens se organizando para transformar a festa do IFF numa energia que uniu todo mundo, foi, sem dúvida, um grande alento para quem curte e gosta de teatro, e que acredita na transformação que o teatro traz para a vida dos jovens. Foram 3 dias de muita emoção, descoberta, e entrega artística. Uma força voluntária que fez levantar a poeira e trouxe o sabor do teatro para o universo estudantil de forma eclética e saudável. Não faltou criatividade. Grupos independentes como o TCC - Teatro Cabofriense de Comédia, Operários do Teatro Brasileiro e Imaginário, e grupos de escola como o IFFCENA, fizeram a festa acontecer, ainda, com a presença de um grupo forte e profissional, como o NÓS DO TEATRO.
Com diversas instituições representadas e o Teatro Municipal de Cabo Frio, resistindo à fúria avassaladora da crise econômica que assola Cabo Frio, tivemos, enfim, uma ilha de tranquilidade por onde deixar escoar um pouco daquilo que foi plantado com amor, engenho e arte, através do OFICENA, que teve a ajuda e participação de tantos mestres que pelo curso passaram, destacando Italo Luiz Moreira, Yuri Vasconcellos, Jiddu Saldanha e presença da secretária que nunca deixou a peteca cair, Nathally Amariá.

SARAH MARQUES
Atriz símbolo da resistência cultural do FESQUIFF

Sarah Marques: Atriz cega, deu um show e demonstrou grande domínio de cena,
numa dramaturgia complexa e profunda, membro do grupo "Nós do Teatro" foi
dirigida por Cátia Macabu.
A atriz Sarah Marques comoveu a platéia, no papel de Silvia, uma esposa irônica e cheia de estratégias e argumentos para lidar com Mario, um marido apático e que parece não gostar da esposa, ao longo dos diálogos, entre armadilhas psicológicas e muito cinismo, o casal vai revelando o grande segredo de sua relação infeliz. Escrita por Pedro Block na década de 50, do século passado, a peça foi mais representada do que as peças de Nelson Rodrigues que, se declarava fã incondicional e, num certo sentido, se inspirou em "Os Inimigos não Mandam Flores" para escrever algumas de suas peças.
Sarah, uma atriz cega, de apenas 24 anos, com a força de sua personagem, comoveu a platéia principalmente, por se mover como pluma pelo palco, tateando de forma sutil os objetos ela conseguiu fazer com que o público enxergasse um outro olhar sobre a famosa personagem de Pedro Block, trazendo não apenas sua beleza de expressão, a delicadeza de sua interpretação mas, sobretudo a coragem de sua atuação. Sem dúvida, de todas as montagens que já vi, desta peça, guardarei esta no meu coração, por ter visto no palco uma "Silvia" única. Foi a primeira vez que vi a personagem sendo interpretada por uma atriz cega que, aliás, estava muito bem dirigida por Cátia Macabu.

Teatro lotado na ultima noite, o público soube mostrar seu amor aos jovens
que foram contemplados com uma festa teatral para que eles pudessem viver
seu protagonismo.
Outro grande trunfo deste festival foi, sem dúvida, sua natureza não competitiva e o cuidado de garantir um troféu para todos os grupos participantes. Sem gerar competição, sem construir um caminho onde uns se sobrepõe sobre os outros, o festival conseguiu, também, fazer um reconhecimento ao trabalho dos jovens que se empenharam em fazer do teatro um momento de luz para enfrentar os moinhos de ventos da vida e, sem dúvida, todos fizeram por merecer. Os grupos de teatro locais e de outras cidades do interior do estado do Rio de Janeiro, estiveram profundamente conectados com uma forte energia de amor e reconhecimento.

IFFCENA 

O Nascimento de um conceito de grupo de teatro para estudantes de uma escola com grade curricular puxada, ganhou, definitivamente, seu espaço. Com uma estréia incrível e a participação apaixonada e dedicada da primeira geração do grupo. Pioneiros, responsáveis por pavimentar o caminho do teatro, num curso técnico de alta performance educacional.
Inspirados pela energia vulcânica dos professores Henrique Selani e Bruno Pereira, o IFFCENA trabalhou um ano e meio para chegar ao formato de seu primeiro espetáculo: "Estação Poesia" com dramaturgia e direção de Jiddu Saldanha, o grupo partiu dos poemas do professor Henrique Selani que também foi o articulador e diretor assistente, até chegar ao resultado que foi ovacionado no Teatro Municipal por um platéia lotada e efusiva. O IFFCENA chegou a ter mais de 30 participantes, mas, durante um ano e meio de trabalho, a realidade educativa da escola, o estresse dos alunos, tendo que fazer um esforço extra para praticar teatro, dentro de um contexto que os favorece muito mais para enfrentar pesadas provas preparatórias, acabou estreando com 8 participantes, os pequenos "Heróis da Resistência" que levaram o charme do teatro como atividade pioneira o IFF- Cabo Frio, o resto é história.

Com uma forte tradição no fazer teatral, o FESQUIF IV contou com a eficiência e experiência de quem já faz teatro de forma organizada ha muito tempo. Todos ganharam e Cabo Frio mostrou que tem capacidade para garantir que o teatro local
tenha um glorioso futuro.
PROMESSAS E POSSIBILIDADES PARA O TEATRO LOCAL RESPIRAR.

O teatro de Cabo Frio, precisando urgentemente de socorro e de uma respiradouro para se afirmar, este ano de 2016 enfrentou de tudo, principalmente uma crise econômica com forte impacto político que resultou no não pagamento de professores e desmantelamento de toda a infraestrutura do Teatro Municipal de Cabo Frio que, para funcionar, conta com a ocupação dos alunos do OFICENA e alguns funcionários que ainda resistem, apesar da falta de pagamento.
No entanto, o IFF, acena com a possibilidade de novas parcerias e de uma presença mais marcante no teatro local, através de ações que podem contribuir, e muito, para que a atividade não só, cresça, como também, ganhe possibilidade e energias suficiente para seguir sua tradição que já tão forte na cidade de Cabo Frio. Seja como for, a sensação é que, apesar de tantas dificuldades e falta de apoio, uma luz começa a acender no fim do túnel, trazendo uma atmosfera de grandes esperanças para a categoria artística local da cidade de Cabo Frio.

Jiddu Saldanha - Professor de Teatro e Blogueiro.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

TCC - Teatro Cabofriense de Comédia. Início de uma nova história. Os festivais competitivos...

Focado na inquietação, pesquisa e construção de uma estética diversificada, o TCC - Teatro Cabofriense de Comédia, vai ganhando, cada vez mais, força e energia para abrir caminho nos festivais de teatro pelo país.

Fiel à sua história ainda no começo, o grupo traça alguns parâmetros para seu caminho. O esptáculo "Coração do Mar",
vai sendo construído e levado para espaços não convencionais e teatros de Cabo Frio. Como parte da conquista de um
espaço próprio na linguagem e no desafio artístico.
O TCC - Teatro Cabofriense de Comédia, completou, em agosto de 2016 seus dois anos de existência, com um repertório louvável, digno das companhias de repertório profissional no melhor estilo anos 80. Com uma juventude que descobre, a cada nova aventura, o real sentido de um grupo de teatro, vai enfrentando à sua maneira, as próprias crises, e descobre o poder pessoal de seus participantes, ao adquirir experiência para lidar com as armadilhas do ego.
Nada no grupo veo de graça, tudo demanda esforço, dedicação, diálogo e espírito de equipe. Cada participante, traz na essência do seu coração, a força que um ator precisa, para seguir adiante, numa sociedade onde teatro, mais do que mercadoria, é uma forma de habitar o mundo, tonando-o um espaço para nossos delírios e invenções. 
Dois anos depois, a capilaridade artística e um mergulho na colonização 
do próprio território, conhecer o que se faz onde se vive é um começo 
inevitável.
Assim, o grupo vive suas metamorfoses, num mundo onde tudo é relativo e a própria existência já não é mais ditada pelo "olhar único" e sim pelo recorte de quem está, onde está, por sua própria escolha e, também, porque se dispôs para caminhar e respirar junto num universo de confiança, amor e responsabilidade! Ser responsável, não significa seguir uma agenda sugerida por outrem, e sim, buscar, dentro de si, o contato necessário para tornar real algo que é próprio da pessoa, de seu interesse, de sua busca pessoal mais profunda, de sua essência.
Surgido das inquietações do OFICENA, amparado pela estrutura mapeadora e perceptiva do FESQ, o TCC - Teatro Cabofriense de Comédia, de forma simples e direta vem descobrindo seu fazer, fazendo mas também, convivendo com gente de teatro. Resistindo, sobretudo, à tentação de deixar seu sonho se diluir pelo caminho, mantendo, contudo sua forma de fazer, seu jeito de ser, sua forma de descobrir. A cada passo, aprender é preciso e a cada aprendizado, é necessário investigar e mergulhar, sobretudo experimentar.
Ampliando sua linguagem, o grupo mantém sua opção por
construir repertório. A peça "Coração do Mar" é um exercício
de fazer musical e descobertas coreográficas.
Depois de inaugurar seu trabalho no Festival de Esquetes de Cabo Frio, em 2014, com a peça "Ditadura" o grupo seguiu enfrente para colonizar sua própria cidade mãe, matriz; Cabo Frio. Enfrentar praças lotadas, vazias, em dias de sol e de chuva, descobrir sua linguagem, se locomover pelos guetos, tendo como bússola principal, a vontade de fazer, a sensibilidade e, claro, a disposição para ensaiar e se redescobrir a cada instante. Foi assim a grande batalha para entender o fazer teatral, de uma perspectiva tanto de quem faz, como de quem estuda.
Depois de participar do FREE, de Macaé, sua primeira participação num festival competitivo, o grupo vai se estendendo e se preparar para abraçar, também, festivais com este modelo. O que nos leva a uma nova descoberta do como fazer, sem perder a essência de fazer com e por amor. Competir é sempre algo estranho, pressupõe que se é melhor, que o outro é melhor. A palavra melhor, na maioria das vezes, responde muito mais a uma pergunta voltada para o mercado, como norteador de um fazer. Em modelos não competitivos, o ator enfrenta a si mesmo, sua própria vontade, sua essência é o que o move. Numa mostra premiada, o ator mantém sua essência, mas precisa enfrentar a responsabilidade de lidar com seu ego, confrontado com o ego do outro.
Próximo a fechar 2016, o TCC, continua sua luta para se entender, se descobrir e se inventar, num mundo de grandes transformações. Até aqui, a luta continua e a força do coração pede passagem entre as novas gerações, que vão descobrindo e desenhando sua própria maneira de ver, fazer, criar, existir.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

VEM AÍ - A FARSA DO ADVOGADO PTHELIN - No Teatro Municipal de São Pedro da Aldeia

O Novo trabalho da Cia. "Andança - Por um Teatro Livre", traz, como todo trabalho do diretor Italo Luiz Moreira, a marca de uma encenação completamente autoral. Italo faz questão de construir as cenas de forma a comunicar-se com seu mais profundo delírio. O jogo das personagens, numa ciranda que envolve o publico e ao mesmo tempo, cria simulacros que se trasnformam.  
Como sempre, Italo investe toda sua energia para formar um elenco sem pressa. A montagem funciona como oportunidade de desenvolvimento e crescimento para atores novos, desde que, sejam persistentes. Italo traz um arsenal de trabalhos de grande sucesso em Cabo Frio, nos ultimos 4 anos: "O Auto da Compadecida" de Ariano Suassuna, "O Inspetor Geral" de Nikolay Gogol e "Atlantic City" de sua própria autoria. Todos realizados com alunos do OFICENA, além de trabalhos feitos em outras fases do grupo "Andança - Por um Teatro Livre", como "O Círculo do Jogo" e "A Lenda da Senhora Criança Pedrdida", dramaturgia própria.

Para um ator, trabalhar com Italo é sempre uma oportunidade de crescer no
ofício de atuar. Experimentar o palco com um mestre é uma oportunidade
acima de qualquer coisa.
A Farsa do Advogado Pathelin, é um texto surgido por volta de 1460, e que não se tem conhecimento do autor, uma obra, no entanto, muito atual, já que denuncia mazelas, desmandos e a hipocrisia de uma sociedade que bem poderia ser Cabo Frio, por exemplo. Afinal, nada mudou. O mundo cresce, aumenta de população mas continua sempre envolto nos problemas clássicos da existência. As classes sociais se digladiam, na base da "farinha pouca, meu pirão primeiro"! Mas tudo continua igual. 
Quando vi nascer este trabalho, no início de 2016, sabia que seria uma longa viagem, e foi. A peça teve diversos atores rodando pelo elenco, mas alguns ficaram. Destaco aqui, o ator Carlos Antonio de Oliveira e a atriz Dandara Melo, ambos estudantes do OFICENA - Curso Livre de Teatro, do Teatro Municipal de Cabo Frio e que já participaram de diversas montagens do curso ao longos dos últimos anos.
Na mostra de grupos de teatro surgidos do OFICENA, em Abril de 2016, tivemos uma versão experimental da peça e já era um trabalho incrível, tempos depois, com mudanças no elenco, o trabalho foi ganhando profundidade, pesquisa e desenvolvimento, não sem um toque de mistério, pois, o segredo de um trabalho profissional é a alma. De forma sutil, o grupo fez suas pesquisas, encontrou-se em horários alternativos e experimentou alguns palcos e espaços não convencionais. Adquiriu vitalidade, ritmo e desenvoltura, cada vez mais, até encontrar seu coletivo mais dedicado.
A notícia boa é que o trabalho será apresentado no Teatro Municipal de São Pedro da Aldeia, e promete lotar, pois é, sem dúvida, um dos trabalhos mais esperados deste ano.

SERVIÇO:
A Farsa do Advogado Pathelin
Autor: Desconhecido
Diretor: Italo Luiz Moreira
Teatro Municipal de São Pedro da Aldeia
Hora: 20h
Ingressos antecipado R$ 10,00 
Ingressos na hora R$ 20,00


VEJA DETALHES SOBRE A PEÇA

Grupo Andança: Por um teatro Livre

Apresenta:
A Farsa do Advogado Pathelin.



Quando Portugual começou a fazer do Brasil sua colônia ( Sec.XVI), o governo monárquico enviou para o nosso país os jesuítas com intuito de catequizar os índios, trouxeram não só a nova religião para o nosso país, mas várias culturas diferentes que incluía: literatura, cristianismo e o teatro. A primeira forma de teatro que os brasileiros conheceram foi a dos portugueses com um caráter pedagógico baseado naturalmente nas escrituras sagradas. Nesta época, os maiores responsaveis por esses ensinamentos bem como a autoria das primeiras peças teatrais foram os padres Anchieta/ Antonio Vieira que perteciam a Cia de Jesus ORDEM ENCARREGADA DE LEVA O CRISTIANISMO PARA OS PAÍSES COLONIZADOS. Os séculos se passaram e com eles passou-se o périodo de catequização dos índios, da escravidão dos negros, mas a arte teatral foi aprimoranda, valorizada e sobreviveu a todos os conflitos existentes. Este novo momento que vive as artes cênicas no Brasil, principalmente em Cabo Frio nos remete a alguns questionamentos, sobretudo quanto á estilização desta arte milenar. QUE FICA APRISIONADA NOS GRANDES TEATROS/ CENTROS, QUANDO DEVERIAM EXPANDIR PARA PERIFERIAS, RUAS , PRAÇAS PARA PROLIFERAR E AMPLIFICAR. É com este viés que propomos abrir este debate com o nosso espetáculo.

SINOPSE

O espetáculo conta a história de uma farsa preparada pelo advogado decadente Pedro Pathelin, tendo como vítima o próspero comerciante de tecido senhor guilherme.

AUTOR: DESCONHECIDO
DIREÇÃO: ITALO LUIZ MOREIRA
COREOGRAFIA: MARCOS ROGEIRO 
FIGURINO: EZEQUIEL SILVA CASTRO
ILUMINAÇÃO; ITALO LUIZ MOREIRA
MUSICAS: MATHEUS DE CASTRO E ITALO LUIZ MOREIRA
PREPARAÇÃO VOCAL: MARCOS ROGEIRO/ O GRUPO
MAQUIAGEM; WESLEY DE ABREU/ O GRUPO
ELENCO: CARLOS OLIVEIRA 
DANDARA MELO 
HEROLD OLIVER
JOÃO MUNK
JORGE RODRIGUES 
MARIA APARECIDA BATISTA 
MAYRA ZOBRIST
VICTOR OLIVEIRA