TEATRO PARA DANÇAR

terça-feira, 25 de junho de 2013

"OPS". Um espetáculo que encontrou o público.

Rodrigo Rodrigues no espetáculo "OPS" fotografado
por Mariana Ricci
Rodrigo Rodrigues é um ator querido do público de Cabo Frio e desde que lançou seu espetáculo “OPS” pode dar-se ao luxo de estar entre os raros artistas locais que consegue lotar um teatro. Tem sido assim em todas as temporadas, desde a estréia, em 2011. Cada vez que seu espetáculo retorna em cartaz, sempre se fortalece e traz novidades.
“OPS” surpreende pela forma inteligente de como as cenas são interligadas. Com uso perspicaz do audiovisual, criado por Ricardo Amorim e Marcelo Pegado, vai nos oferecendo uma costura de cenas que preenchem os espaços de exigência de um expectador mais detalhista. É um daqueles espetáculos onde, um único ator em cena é suficiente para levar o público a um passeio pelo universo da comédia, fazendo teatro e não Stand Up.
Com uma formação teatral, grande parte, vinda diretamente do contato com a platéia, através de seus shows transformistas, Rodrigo nos remete àquele tipo de criador cênico dos cabarés cinematográficos do início do século XX, como mantenedor de uma linguagem de glamour, ele conseguiu, ao longo de sua carreira identificar seu próprio público, o que não é pouco, já que vivemos numa época em que o trabalho do ator é despersonalizado por falta de incentivo e de políticas que direcionem mais os expectadores com suas referências.  
Ao assistir o espetáculo “OPS” era de se esperar que Rodrigo usasse seu arsenal de gags e sua rica capacidade de improvisar para manter o contato, mas vimos que ele foi além. Demonstrou não se intimidar diante das técnicas de teatro, tão bem articuladas nos ensaios com Manuela de Lellis, diretora do espetáculo. Rodrigo triangulou bem com o público e criou um jogo de contato a dose certa improvisação.
Em um determinado momento do espetáculo, Rodrigo improvisou um canto gregoriano e surpreendeu a platéia com a qualidade de sua voz. Poderia ter ido além e fica aqui a sugestão para que sua verve musical, à capela, seja mais explorada na cena. Ele demonstrou ter boa dicção usando de forma habilidosa e com experiência, o microfone ret-set. Sua voz fluiu limpa, sem sopros e sua respiração não ficou ofegante, embora o espetáculo exija algumas movimentações atléticas.
No final, o público ficou contente, o espetáculo gerencia bem a energia da platéia e cresce em sua técnica a cada novo espetáculo encenado. Com uma dramaturgia rica e iconoclasta, para deleite da platéia pensante, deparamos com um belo figurino, uma harmonia entre cenografia, arte e o acabamento que torna o simples, luxuoso, e dá uma cara bem profissional para o teatro local.

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