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Rodrigo Rodrigues no espetáculo "OPS" fotografado por Mariana Ricci |
Rodrigo Rodrigues é um ator
querido do público de Cabo Frio e desde que lançou seu espetáculo “OPS” pode
dar-se ao luxo de estar entre os raros artistas locais que consegue lotar um teatro. Tem sido assim em todas as temporadas, desde a estréia, em 2011. Cada
vez que seu espetáculo retorna em cartaz, sempre se fortalece e traz novidades.
“OPS” surpreende pela forma
inteligente de como as cenas são interligadas. Com uso perspicaz do
audiovisual, criado por Ricardo Amorim e Marcelo Pegado, vai nos oferecendo uma
costura de cenas que preenchem os espaços de exigência de um expectador mais
detalhista. É um daqueles espetáculos onde, um único ator em cena é suficiente
para levar o público a um passeio pelo universo da comédia, fazendo teatro e
não Stand Up.
Com uma formação teatral, grande
parte, vinda diretamente do contato com a platéia, através de seus shows
transformistas, Rodrigo nos remete àquele tipo de criador cênico dos cabarés cinematográficos
do início do século XX, como mantenedor de uma linguagem de glamour, ele
conseguiu, ao longo de sua carreira identificar seu próprio público, o que não
é pouco, já que vivemos numa época em que o trabalho do ator é despersonalizado
por falta de incentivo e de políticas que direcionem mais os expectadores com
suas referências.
Ao assistir o espetáculo “OPS”
era de se esperar que Rodrigo usasse seu arsenal de gags e sua rica capacidade
de improvisar para manter o contato, mas vimos que ele foi além. Demonstrou não
se intimidar diante das técnicas de teatro, tão bem articuladas nos ensaios com
Manuela de Lellis, diretora do espetáculo. Rodrigo triangulou bem com o público
e criou um jogo de contato a dose certa improvisação.
Em um determinado momento do
espetáculo, Rodrigo improvisou um canto gregoriano e surpreendeu a platéia com
a qualidade de sua voz. Poderia ter ido além e fica aqui a sugestão para que
sua verve musical, à capela, seja mais explorada na cena. Ele demonstrou ter
boa dicção usando de forma habilidosa e com experiência, o microfone ret-set.
Sua voz fluiu limpa, sem sopros e sua respiração não ficou ofegante, embora o
espetáculo exija algumas movimentações atléticas.
No final, o público ficou
contente, o espetáculo gerencia bem a energia da platéia e cresce em sua
técnica a cada novo espetáculo encenado. Com uma dramaturgia rica e iconoclasta,
para deleite da platéia pensante, deparamos com um belo figurino, uma harmonia
entre cenografia, arte e o acabamento que torna o simples, luxuoso, e dá uma
cara bem profissional para o teatro local.
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