Nasci em Cabo Frio/RJ, no dia 24 de outubro de
1996. Estou no segundo ano do ensino médio. Queria me formar em psiquiatria,
porém sou muito preguiçosa pra passar em medicina, na verdade sou muito
preguiçosa pra muitas coisas! Gosto de pintar com aquarela, ler um milhão de
livros ao mesmo tempo, escrever em cadernos escondidos pela casa e vestidos
floridos. Quero casar com Bukowski, Courtney Love e Klimt.
INTENSO
(inspirado
num poema homônimo de autor desconhecido)
Texto em 1 ato – Cena única.
Autora: Stephany
Torres
Gênero: Drama
psicológico
PERSONAGENS
Luana: tem
cerca de 20 anos, muito intensa, fala rápido, quer fazer tudo ao mesmo tempo
sem se importar com o que isso pode acarretar.
João: garoto
inseguro, racional, mas com medo de errar.
Cenário: uma
praia deserta, com um barquinho de pescador ancorado na beira
Ato
único
CENA ÚNICA
(Luana
está se afogando, João está sentado na areia ouvindo música e a vê, então se
levanta e a olha confuso e com medo por alguns segundos. Pega um barquinho de
pescador e desajeitadamente chega ate Luana).
João: ei,
segure nessa corda menina!
Luana: não
João: Segure!
Você está maluca? Segure esta corda! (Luana
segura a corda e sobe no barco. Fazem o caminho de volta para a praia, calados,
sentam-se na areia).
João: você
estava tentando se matar? É isso?
Luana: Não!
Eu só queria sentir, mas você me tirou daquilo! Você estragou tudo...
João: Sentir?
Mas sentir o que?
Luana: queria
sentir como é não ter controle sobre si mesmo, queria sentir que nada dependia
mais de mim.
João: você
pelo visto não tem o mínimo de controle sobre si mesmo. O que você faria se lá,
no mar, perdesse completamente o controle sobre si mesmo? Você tem consciência
do que poderia acontecer?
Luana: era
isso que eu queria sentir, eu não me importaria de perder o controle. Eu
pularia daquele (Aponte
na direção de uma montanha) penhasco
mesmo que você me dissesse que eu poderia morrer no final. Eu pularia só para
saber como é.
João: eu
acho que você não sabe o que está fazendo, eu acho... A vida deve ser tão fácil
pra você que você procura algo pra se preocupar, algo que possa chamar a
atenção dos outros, é tudo tão fácil que você acaba tentando fazer diferente.
Pare com isso, você é tão humana quanto todos nós.
Luana: (com
sua vaidade ferida levanta-se e começa a falar alto) eu tenho tanto
controle sobre mim que procuro perde-lo dessa forma! Você diz que eu sou tão
humana quanto você! Se pelo menos você fosse humano! Se pelo menos vocês todos
fossem humanos! Você que claramente não tem controle sobre si mesmo. (chega perto de
João, o sacode pelos ombros). Você
nem deve estar nessa praia por livre vontade! Você deve estar aqui porque viu
em algum filme e acha que isso é a vida. (Pega
a mochila de João e joga todas as coisas no chão. Caem livros de Direito, cai
um sanduiche natural embrulhado num filme plástico). Direito! Porque você
não tenta fazer algo que você gosta! E essa merda de sanduiche natural! Pra que
comer isso? Pra que tentar viver mais se você não faz nada pra preencher essa
vida?
João: (olha
pra baixo assustado) eu só quero.. Eu só quero que tudo dê certo, eu só
não quero errar... E você me assusta.
Luana: Não!
Pare de fazer essas merdas só porque disseram que é assim que tem que ser
feito. Para de tentar ser certo, isso me dá vontade de explodir sua cabeça!
Pare de se manter calmo.
João: mas
você não entende que a gente tem que fazer alguma coisa que dê resultado. Isso
de tentar buscar um significado... de tentar “viver de verdade”... Isso é tudo
ilusório. Não deixe os poetas te enganarem. Não adianta tentar se afogar ou
pular de penhascos, você não vai achar significado nenhum aqui.
Luana: Não!
Você que não entende isso aqui! Vai muito alem de achar um significado. O que
importa é preencher a vida! É ser intenso! Tem que dar um tapa que faça sangrar
se você estiver puto. Tem que trepar 5 vezes na mesma tarde e não sentir mais
as pernas. Correr por quilômetros e não conseguir respirar. Tem que fazer o
coração pular com o efeito de duas cafeteiras cheias! Tem que ser tudo isso ou
então não ser nada!
Fim
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