TEATRO PARA DANÇAR

terça-feira, 2 de julho de 2013

Núcleo de Dramaturgia do Oficena (NUDRA)

Stephany Torres, 


Nasci em Cabo Frio/RJ, no dia 24 de outubro de 1996. Estou no segundo ano do ensino médio. Queria me formar em psiquiatria, porém sou muito preguiçosa pra passar em medicina, na verdade sou muito preguiçosa pra muitas coisas! Gosto de pintar com aquarela, ler um milhão de livros ao mesmo tempo, escrever em cadernos escondidos pela casa e vestidos floridos. Quero casar com Bukowski, Courtney Love e Klimt.

INTENSO

(inspirado num poema homônimo de autor desconhecido)

Texto em 1 ato – Cena única.

Autora: Stephany Torres
Gênero: Drama psicológico

PERSONAGENS
Luana: tem cerca de 20 anos, muito intensa, fala rápido, quer fazer tudo ao mesmo tempo sem se importar com o que isso pode acarretar.
João: garoto inseguro, racional, mas com medo de errar.
Cenário: uma praia deserta, com um barquinho de pescador ancorado na beira
Ato único

CENA ÚNICA

(Luana está se afogando, João está sentado na areia ouvindo música e a vê, então se levanta e a olha confuso e com medo por alguns segundos. Pega um barquinho de pescador e desajeitadamente chega ate Luana).

João: ei, segure nessa corda menina!

Luana: não

João: Segure! Você está maluca? Segure esta corda! (Luana segura a corda e sobe no barco. Fazem o caminho de volta para a praia, calados, sentam-se na areia).

João: você estava tentando se matar? É isso?

Luana: Não! Eu só queria sentir, mas você me tirou daquilo! Você estragou tudo...

João: Sentir? Mas sentir o que?

Luana: queria sentir como é não ter controle sobre si mesmo, queria sentir que nada dependia mais de mim.

João: você pelo visto não tem o mínimo de controle sobre si mesmo. O que você faria se lá, no mar, perdesse completamente o controle sobre si mesmo? Você tem consciência do que poderia acontecer?

Luana: era isso que eu queria sentir, eu não me importaria de perder o controle. Eu pularia daquele (Aponte na direção de uma montanha) penhasco mesmo que você me dissesse que eu poderia morrer no final. Eu pularia só para saber como é.

João: eu acho que você não sabe o que está fazendo, eu acho... A vida deve ser tão fácil pra você que você procura algo pra se preocupar, algo que possa chamar a atenção dos outros, é tudo tão fácil que você acaba tentando fazer diferente. Pare com isso, você é tão humana quanto todos nós.

Luana: (com sua vaidade ferida levanta-se e começa a falar alto) eu tenho tanto controle sobre mim que procuro perde-lo dessa forma! Você diz que eu sou tão humana quanto você! Se pelo menos você fosse humano! Se pelo menos vocês todos fossem humanos! Você que claramente não tem controle sobre si mesmo. (chega perto de João, o sacode pelos ombros). Você nem deve estar nessa praia por livre vontade! Você deve estar aqui porque viu em algum filme e acha que isso é a vida. (Pega a mochila de João e joga todas as coisas no chão. Caem livros de Direito, cai um sanduiche natural embrulhado num filme plástico). Direito! Porque você não tenta fazer algo que você gosta! E essa merda de sanduiche natural! Pra que comer isso? Pra que tentar viver mais se você não faz nada pra preencher essa vida?

João: (olha pra baixo assustado) eu só quero.. Eu só quero que tudo dê certo, eu só não quero errar... E você me assusta.

Luana: Não! Pare de fazer essas merdas só porque disseram que é assim que tem que ser feito. Para de tentar ser certo, isso me dá vontade de explodir sua cabeça! Pare de se manter calmo.

João: mas você não entende que a gente tem que fazer alguma coisa que dê resultado. Isso de tentar buscar um significado... de tentar “viver de verdade”... Isso é tudo ilusório. Não deixe os poetas te enganarem. Não adianta tentar se afogar ou pular de penhascos, você não vai achar significado nenhum aqui.

Luana: Não! Você que não entende isso aqui! Vai muito alem de achar um significado. O que importa é preencher a vida! É ser intenso! Tem que dar um tapa que faça sangrar se você estiver puto. Tem que trepar 5 vezes na mesma tarde e não sentir mais as pernas. Correr por quilômetros e não conseguir respirar. Tem que fazer o coração pular com o efeito de duas cafeteiras cheias! Tem que ser tudo isso ou então não ser nada!


Fim

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