TEATRO PARA DANÇAR

sábado, 7 de maio de 2016

O Sorvete promete uma viagem pelo universo de Drummond.

O poeta Carlos Drummond de Andrade foi uma das grandes esperanças de um prêmio Nobel de literatura para a Língua portuguesa. Se ele tivesse ganho este prêmio, teria antecipado em quase 20 anos a proeza realizada por José Saramago. Quando vi o ensaio de "O Sorvete", duas surpresas: O mergulho preciso no universo Drumondiano e a remontagem de um trabalho que fora mostrado no FESQ, praticamente 7 anos depois. O que mudou no espetáculo e quais as perspectivas que esta empreitada nos traz?


Bruno Silva e André Jotha, elenco coerente e bem ensaiado.
7 anos depois da primeira apresentação deste espetáculo tudo mudou. Os atores Bruno Silva e André Jotha, mais maduros, óbvio. Suas técnicas de atuação melhorada em todos os sentidos e a conquista de um diretor de peso, Dio Cavalcanti, trazendo para o trabalho um ritmo e uma proposta cuidadosa que vai povoar o imaginário do público, no espaço Garagem. Aliás, o Garagem está lindo. Com reforma ampliada, cortinas para teatro, dinamizado para receber a nova e velha geração de artistas da cidade. Foram muitos anos para chegar ao conceito quase definitivo de espaço, generoso e disponível
para engrandecer as artes locais.
Dio Cavalcanti - Buscando sua afirmação como um forte nome da direção
teatral em Cabo Frio.
Sempre fui apaixonado pela obra de Drummond, estive por diversas vezes na cidade do poeta e lá, pude percorrer sozinho e a pé, o famoso "Caminho de Drummond", em diversas vezes, estando na cidade, fiquei hospedado no famoso Hotel Itabira, que nada mais é do que a casa onde o poeta nasceu e viveu até mudar-se para o Rio de Janeiro. Drummond é um poeta, dos mais melancólicos de nossa literatura. Lembro que, em Curitiba, nos anos 70, eu era um menino que mal sabia ler e já andava com seus livros debaixo do braço. Aquela literatura falava direto ao meu coração.
Recentemente, eu e meu grupo de teatro, o TCC - Teatro Cabofriense de Comédia, fomos convidados para assistir a um dos ensaios gerais da peça "O Sorvete" e, de quebra, fizemos um belo bate papo com o elenco e a direção. Ali, comentamos sobre a remontagem do trabalho e pudemos ver a concentração búdica dos atores, André e Bruno. O trabalho promete comover. Pelo que pudemos ver no ensaio, o clima é totalmente drumondiano. A peça, do começo ao fim, se mantém num ritmo que dialoga fundo com nosso coração.
Assisti este espetáculo, a 10 anos atrás, com o mesmo elenco. Era uma cena curta, para o FESQ - Festival de Esquetes de Cabo Frio. De lá pra cá, muita coisa mudou. O Trabalho saltou de 15 minutos para uma hora de duração, os atores estão mais maduros nas técnicas utilizadas e com muita experiência. A cena, que a 10 anos atrás não era ruim, agora está bem melhor, cresceu em todos os sentidos e, o que pra mim é melhor ainda, mantém o clima profundamente drumondiano. Com uma linguagem que mescla o teatro físico ao teatro narrativo, temos uma conjunção de cenas que abraçam uma proposta multimídia, o público, tenho certeza, irá gostar. É o teatro de Cabo Frio atingindo seu auge e ganhando, cada vez mais, a força de seus artistas mais expressivos.

SERVIÇO:
Peça: O Sorvete
Local: Teatro Garagem - Cabo Frio
Data: 14 e 15 de Maio - 2016
Hora: 20h.
Valor do ingresso - R$ 10,00

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