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Ator da nova geração, Paulo Motta, surpreendeu como ator e hoje é um dos instrutores do curso Ensina Encena. |
Para que o teatro em nossa região não
fique refém dos ventos instáveis da política, só existe um caminho: a AUTONOMIA
e, acredito que essa seja uma "briga" de toda a nossa região. Nossos
teatros estão mudando de perfil; o público, que antes não comparecia, agora
está começando a reclamar seus direitos. E os artistas (de teatro), que antes
estavam "escondidos" em seus "feudos", agora estão
começando a correr na direção do que lhes pertence, talvez, facilitado por um
momento histórico que, se não ajuda (pela tradicional falta de recursos), pelo
menos não atrapalha, o que já é um grande avanço.
Desde que o OFICENA surgiu, na paisagem
artística de Cabo Frio, o curso agregou jovens numa quantidade nunca antes
esperada, uma fúria juvenil vinda de todos os cantos de Cabo Frio, São Pedro da
Aldeia e Arraial do Cabo, compareceram para exercer um direito intransferível,
o de acessar os conhecimento da arte teatral, orientada por alguns artistas da
cidade. Em um ano, o curso teve que absorver uma demanda enorme de pessoas,
(mais de 200 alunos já passaram por lá) criar dois horários para atender faixas
de idade diferentes e lidar com uma lista de espera que só faz crescer.
Para atender a essa demanda, os gestores
culturais da cidade, liderados pelo secretário de Cultura José Facury, se
mobilizaram para retomar com urgência, as atividades do teatro. O resultado
foi, casa lotada todos os finais de semana e uma demanda de eventos para
azeitar a prática da arte de ator em Cabo Frio, atraindo companhias de outras
regiões e inspirando cidades vizinhas a criarem seus próprios cursos. Mas
isso tudo está criando uma demanda que está redirecionando a prática do teatro.
Como vamos lidar com tudo isso?
O Surgimento do FestSolos como forma de
proporcionar um evento que congregue os novos e os velhos artistas da cidade,
foi uma das soluções, mas o caminho aponta para atividades já realizadas com
grande sucesso no teatro, como o aparecimento da Caiçara Artes, com uma
proposta de produção colegiada, inspirada na relação direta com o público,
cirando o conceito de ENTRADA MAIS QUE FRANCA, que proporcionou grande sucesso
na união dos artistas que se reuniram para fazer as três cenas curtas mais
premiadas em festivais. "3 X TEATRO" foi um evento de grande
inspiração, cujo modelo foi copiado pelo FestSolos e impulsionou a cena local.
Dentro da estrutura do OFICENA, vários
artistas explodiram para fora do processo buscando rapidamente sua própria
forma de se mover, um exemplo é a formação da Cia. Entrepalcos, que, pelo
jeito, vejo mesmo pra ficar, são jovens destemidos que já estavam impregnados de um sentimento de iniciativa que, pudemos ver na histórica peça "O
Auto da Compadecida" que estreou como um trabalho da "Incubadora da
Cena", do curso de teatro e que logo fez duas apresentações
já por iniciativa do próprio elenco hoje, a própria Cia.
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Daniela Barbosa é uma explosão de talentos, versatilidade na arte da mímica, palhaçaria, atriz e dramaturga, é uma das grandes promessas despertada nas aulas do OFICENA. |
Outro exemplo é o "TCC - Teatro
Cabofriense de Comédia", que pretende trabalhar um conceito de grupo,
valorizando os trabalhos gestados por
jovens dramaturgos do NUDRA (Núcleo de dramaturgia do OFICENA), buscando levar
para a experimentação como prática de grupo amador, onde jovens se reunirão
apenas para praticar o exercício do fazer teatral, ampliando a relação e o
aprofundamento dessa prática.
No mais, temos os cursos particulares da
cidade a todo vapor, a "LD" que já está completando quase dois anos
com seu curso de teatro, atendendo à clientela de crianças, adolescentes e
jovens, além de sua já experiente prática artística independente, buscando um
modelo humanizador de fazer teatro com recursos e parcerias feitos com a
iniciativa privada e editais públicos.
Já o Ensina Encena, completa 5 anos
de atividade, sendo que sua famosa "Mostra D" está na quarta edição e
está de vento em popa, num fazer teatral que traz, agregado, o singular
trabalho da TAT (trupe andarilhos de teatro) que está fazendo um sucesso
retumbante nos festivais de cenas curtas pelo Brasil, pelo genial trabalho
"Cenas de Sangue", que traz no elenco, jovens formados pelo curso
Ensina Encena, além de seu próprio diretor e também ator, Fabio Carvalho de
Freitas.
Dentro dos grupos teatrais
locais, não podemos deixar de citar o grupo Creche na Coxia, que está inovando
mais uma vez. Além de investir numa nova linguagem teatral, buscando um flerte
mais frontal com o teatro físico, atualmente, tem se dedicado à tarefa de
despertar e aprofundar novos talentos locais. O grupo conseguiu reunir jovens
talentosos num mesmo lugar e quase todos, com formação universitária em
diversas áreas. Dio Cavalcanti na música, Matheus Lima, com um mergulho
aprofundado na arte da mímica (teatro físico), além de formação completa na
UNIRIO e Júlia Lima, que estudou Produção Cultural na UFF e dedica-se a
atividades ligadas a circo. Mas não há dúvida que uma forte contribuição do
grupo Creche na Coxia é ter ajudado a lançar no mercado local a jovem
atriz Débora Diniz e o ator, músico e compositor, Ivan Alves. Dois nomes que ainda vão dar muito que falar no teatro e, pelo que se pode perceber, pretendem dedicar-se ao ofício.
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