TEATRO PARA DANÇAR

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Autonomia. Um sopro de esperança no teatro local.

Ator da nova geração, Paulo Motta, surpreendeu como ator
e hoje é um dos instrutores do curso Ensina Encena.
Para que o teatro em nossa região não fique refém dos ventos instáveis da política, só existe um caminho: a AUTONOMIA e, acredito que essa seja uma "briga" de toda a nossa região. Nossos teatros estão mudando de perfil; o público, que antes não comparecia, agora está começando a reclamar seus direitos. E os artistas (de teatro), que antes estavam "escondidos" em seus "feudos", agora estão começando a correr na direção do que lhes pertence, talvez, facilitado por um momento histórico que, se não ajuda (pela tradicional falta de recursos), pelo menos não atrapalha, o que já é um grande avanço.
Desde que o OFICENA surgiu, na paisagem artística de Cabo Frio, o curso agregou jovens numa quantidade nunca antes esperada, uma fúria juvenil vinda de todos os cantos de Cabo Frio, São Pedro da Aldeia e Arraial do Cabo, compareceram para exercer um direito intransferível, o de acessar os conhecimento da arte teatral, orientada por alguns artistas da cidade. Em um ano, o curso teve que absorver uma demanda enorme de pessoas, (mais de 200 alunos já passaram por lá) criar dois horários para atender faixas de idade diferentes e lidar com uma lista de espera que só faz crescer.
Para atender a essa demanda, os gestores culturais da cidade, liderados pelo secretário de Cultura José Facury, se mobilizaram para retomar com urgência, as atividades do teatro. O resultado foi, casa lotada todos os finais de semana e uma demanda de eventos para azeitar a prática da arte de ator em Cabo Frio, atraindo companhias de outras regiões e inspirando cidades vizinhas a criarem seus próprios cursos.  Mas isso tudo está criando uma demanda que está redirecionando a prática do teatro. Como vamos lidar com tudo isso?
O Surgimento do FestSolos como forma de proporcionar um evento que congregue os novos e os velhos artistas da cidade, foi uma das soluções, mas o caminho aponta para atividades já realizadas com grande sucesso no teatro, como o aparecimento da Caiçara Artes, com uma proposta de produção colegiada, inspirada na relação direta com o público, cirando o conceito de ENTRADA MAIS QUE FRANCA, que proporcionou grande sucesso na união dos artistas que se reuniram para fazer as três cenas curtas mais premiadas em festivais. "3 X TEATRO" foi um evento de grande inspiração, cujo modelo foi copiado pelo FestSolos e impulsionou a cena local.

Sensível e criativo, o ator Gustavo Vieira surpreendeu a todos e está com a agenda cheia. Trabalha para o grupo Andança, de Italo Luis Moreira, é um dos fundadores do Entrepalcos e ainda achou tempo para participar
da primeira montagem do TCC - Teatro Cabofriense de Comédia, com o texto "A Contradição de uma Alma" da jovem dramaturga, Camille Miranda.
Dentro da estrutura do OFICENA, vários artistas explodiram para fora do processo buscando rapidamente sua própria forma de se mover, um exemplo é a formação da Cia. Entrepalcos, que, pelo jeito, vejo mesmo pra ficar, são jovens destemidos que já estavam impregnados de um sentimento de iniciativa que,  pudemos ver na histórica peça "O Auto da Compadecida" que estreou como um trabalho da "Incubadora da Cena", do curso de teatro e que logo fez duas apresentações já por iniciativa do próprio elenco hoje, a própria Cia. 
Com artistas de Cabo Frio e São Pedro da Aldeia, o Entre Palcos foi um feliz acontecimento recente na busca da autonomia do teatro da nossa região, com o elenco saído da salas de estudos do OFICENA, o grupo se prepara para dar vôos mais altos.
Daniela Barbosa é uma explosão de
talentos, versatilidade na arte da mímica,
palhaçaria, atriz e dramaturga, é uma
das grandes promessas despertada
nas aulas do OFICENA.
Outro exemplo é o "TCC - Teatro Cabofriense de Comédia", que pretende trabalhar um conceito de grupo, valorizando  os trabalhos gestados por jovens dramaturgos do NUDRA (Núcleo de dramaturgia do OFICENA), buscando levar para a experimentação como prática de grupo amador, onde jovens se reunirão apenas para praticar o exercício do fazer teatral, ampliando a relação e o aprofundamento dessa prática.
No mais, temos os cursos particulares da cidade a todo vapor, a "LD" que já está completando quase dois anos com seu curso de teatro, atendendo à clientela de crianças, adolescentes e jovens, além de sua já experiente prática artística independente, buscando um modelo humanizador de fazer teatro com recursos e parcerias feitos com a iniciativa privada e editais públicos.
Já o Ensina Encena, completa 5 anos de atividade, sendo que sua famosa "Mostra D" está na quarta edição e está de vento em popa, num fazer teatral que traz, agregado, o singular trabalho da TAT (trupe andarilhos de teatro) que está fazendo um sucesso retumbante nos festivais de cenas curtas pelo Brasil, pelo genial trabalho "Cenas de Sangue", que traz no elenco, jovens formados pelo curso Ensina Encena, além de seu próprio diretor e também ator, Fabio Carvalho de Freitas.


Débora Diniz e Ivan Alves, são nomes recentes do teatro Cabofriense quem vêm se afirmando cada vez mais junto ao
grupo Creche na Coxia. A nova geração, buscando a excelência artística sem deixar de fazer teatro local.

Dentro dos grupos teatrais locais, não podemos deixar de citar o grupo Creche na Coxia, que está inovando mais uma vez. Além de investir numa nova linguagem teatral, buscando um flerte mais frontal com o teatro físico, atualmente, tem se dedicado à tarefa de despertar e aprofundar novos talentos locais. O grupo conseguiu reunir jovens talentosos num mesmo lugar e quase todos, com formação universitária em diversas áreas. Dio Cavalcanti na música, Matheus Lima, com um mergulho aprofundado na arte da mímica (teatro físico), além de formação completa na UNIRIO e Júlia Lima, que estudou Produção Cultural na UFF e dedica-se a atividades ligadas a circo. Mas não há dúvida que uma forte contribuição do grupo Creche na Coxia é ter ajudado a lançar no mercado local a jovem atriz Débora Diniz e o ator, músico e compositor, Ivan Alves. Dois nomes que ainda vão dar muito que falar no teatro e, pelo que se pode perceber, pretendem dedicar-se ao ofício.

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